segunda-feira, 30 de outubro de 2017





O 37º ENCONTRO DE TEATRO JÁ COMEÇOU

E, na Abertura teve uma sentida e bonita  homenagem ao actor Joaquim Vieira.

Deixamos a intervenção do Presidente da Direção.

Caro Vieira...!

Hoje, que regressaste a esta tua casa, eu, como grupo de teatro que te viu nascer, tenho uma palavras para te dizer.
O Joaquim Afonso Rodrigues Vieira foi um menino que nasceu em 28 de Março de 1939, em Pedroso, filho do Manel Vieira e da Ana Lourenço. E que, como acontecia nas casas humildes, começou bem cedo a ganhar a vida, aos 11 anos já era barbeiro.
O teatro era a sua paixão e foi na tropa que começou a fazer umas “teatrices”... a que deu continuidade, no lugar onde vivia, ali para os lados de Ponte Pereiro.
Joaquim Vieira é um actor que nasceu em 1966. Viu pela primeira vez a luz do palco como André Mayo, na peça “Além do Horizonte”, de Eugene O'Neil, encenada por Manuel Lereno e apresentada pelo Grupo de Teatro d'Os Plebeus Avintenses no Teatro Almeida e Sousa.
Curiosamente o Joaquim Afonso Rodrigues Vieira e o Joaquim Vieira são a mesma pessoa, só que nasceram com uma diferença de 27 anos...
Pois é...
Ambos sabemos que quando pisamos um palco e emprestamos a alma à primeira personagem que interpretamos, voltamos a nascer de novo... E vamos renascendo sempre que vivemos novas personagens...
Os nossos caminhos encontraram-se, nesse longínquo ano de 1966 e fomos percorrendo um caminho conjunto durante 30 anos, ainda que tenham havido algumas interrupções...
Foi “Alem do Horizonte” que nos entrecruzamos neste sítio mágico que é o palco...
E ficaste tão apaixonado por esta arte de partilha e transfiguração que nunca mais paraste...
O teu pai bem te queria músico...
Mas tu estavas tão enfeitiçado pela magia desta arte, que te permitia dar vida a personagens e viver outras vidas, que até fugias pela janela para ires aos ensaios...
Voltamos a encontrar-nos naquela mentira de que “Os Velhos não devem namorar”, mentira porque ambos sabemos que o namoro pode ser eterno se o amor também o for...
Depois namoraste a filha de Euricão, que guardava o dinheiro na porca, lembras-te?
Claro que lembras... ficaste tão fascinado pela figura do onzeneiro do “Santo e a Porca”, que haverias de ser um inimitável Harpagão, no “Avarento” de Moliére.
E assim foste percorrendo o palco, vivendo como tuas as vidas das personagens que interpretaste...
Tantas vidas que viveste na tua vida...
Foste galã e vilão...
Nobre e homem do povo...
E também membro do clero...
Foste general de Atenas
E até foste rei... (eu sei que foi o Herodes mas é sempre um rei...)
E foste incendiário... (sim eu sei que incendiaste corações, mas não é a esses incêndios que me refiro mas sim aos do Biedermann!)
Embarcaste nas barcas de Gil Vicente e três vezes foste condenado ao inferno...
E ajudaste a amansar uma fera...
E, depois da fera amansada, quando outros partiram buscando outras paragens, tu ficaste...
Ficaste e, mais que valente, foste um Valentão deste mundo ocidental...
Mas, depois de viajares até à China, onde foste Mandarim...
Partiste na busca de outros desafios e outras personagens...
E participaste em filmes e séries televisivas...
E representaste personagens “profissionais”...
Tantas personagens a quem deste vida e tantas histórias de grandeza e miséria que viveste...
Mas haverias de voltar, porque esta nossa relação nunca terminou...
E voltaste em 2010 para participar na peça “Eu Teatro de Mim Falo”.... encenada pelo nosso amigo saudoso Eduardo Freitas...
Foi o último espectáculo que aqui representaste.
Nessa peça o teatro falava si próprio.
Hoje o teatro fala de ti...
Fala de ti porque hoje voltaste a esta nossa casa...
As tábuas deste palco deliciaram-se, por te reencontrar e poderem matar saudades e as paredes deste teatro estão ansiosas por te ouvir..
Hoje celebramos 51 anos da nossa relação...
51 anos em que partilhamos emoções, vivemos grandes êxitos e também alguns momentos menos bons...
É assim a vida e o teatro não é mais que a representação da vida.
Celebramos o teu regresso porque continuas a ser um de nós...
Um Plebeu...!
E ambos sabemos que os plebeus continuam a viver dentro de ti...
Tu sabes Vieira, que a vida é um palco, onde vamos representando dramas e comédias, com algumas farsas de entremeio...
E eu desejo que ainda possas continuar a actuar, no palco da vida, durante muitos anos...
E que ainda nos possamos reencontrar nestas tábuas sagradas onde partilhamos sonhos e emoções...
Os Plebeus Avintenses deixam um caloroso aplauso:
Ao Actor
Ao Plebeu
Ao Joaquim Vieira...!

Vila de Avintes ao 28º dia do mês de Outubro do ano de 2017
O Presidente da Direcção
José Manuel Araújo


domingo, 29 de outubro de 2017

DISCURSO DO PRESIDENTE DA DIRECÇÃO NA SESSÃO SOLENE COMEMORATIVA DO 99º ANIVERSÁRIO D'OS PLEBEUS AVINTENSES


Comemoramos hoje o 99º aniversário d'Os Plebeus Avintenses.

99 anos, se são uma provecta idade no ser humano, numa associação apenas significam que alcançou um tempo de vida que lhe deveria garantir experiência, maturidade e capacidade de garantir a sua permanência como instituição de cultura, o que, consequentemente, lhe incute uma maior responsabilidade.

Os Plebeus Avintenses foram fundados num tempo em que a vida associativa era uma realidade muito diferente. Numa época em que a república era ainda imberbe e a vivência associativa era o principal polo dinamizador da comunidade.
Em que o teatro era a principal actividade cultural.
Depois veio em força o cinema, que prometia acabar com o teatro... e todos sabemos que não conseguiu...!
Veio a televisão, também ela ameaçando ser o fim do teatro...
e mas mais uma vez o teatro resistiu...
E vieram a seguir os videos e os videogames e a internet, as redes sociais e tudo o mais que a tecnologia colocou ao dispor do cidadão comum.
Mas o Teatro sobreviveu a tudo isso...permanece vivo e promete continuar a ser um espelho das misérias e grandezas humanas.
E Os Plebeus Avintenses foram acompanhando e ultrapassando tudo isso, mantendo, perseverantemente, a actividade do seu grupo de teatro.
E chegaram aos 99 anos …..
Aqui quero parabenizar os associados que hoje foram homenageados pela sua fidelidade. E registamos o elevado número de associados que completaram 50 anos de vida associativa. É para mim muito agradável registar esse facto, que significa que à cinquenta anos atrás entraram para a associação mais de quarenta novos associados porque, aos ora homenageados, devem ser acrescentados todos os que, pelas razões mais variadas, perderam essa qualidade ao longo destes 50 anos. E neste particular permitam-me que releve Manuel Fernando Fernandes Moura, que integrou os órgãos sociais durante mais de vinte anos, quer integrando a Direcção quer como Presidente da Mesa da Assembleia Geral e que só não integrou hoje o leque de homenageados porque este ano passou a viver apenas na nossa memória colectiva.

Só que:
Os dados mostram-nos que média de idade dos associados é muito alta e a faixa etária dos sócios que frequenta as instalações sociais é muito elevada.
Paira uma velada ameaça sobre futuro da nossa colectividade.
Uma associação só pode ter futuro se for capaz de se se renovar.
É necessário conseguir a participação de mais jovens na vida associativa. Mas para isso temos que mudar de paradigma. Não podemos esperar que os jovens sejam cativados pelas actividades que já existem. Temos que ser capazes de encontrar actividades que lhes sejam apelativas.
E temos dado alguns passos nesse sentido, com a formação teatral para jovens e com as danças urbanas.
Mas temos que ser ainda mais incisivos e ser capazes de ultrapassar alguns hábitos e preconceitos que inibem a participação dos jovens.
Temos jovens a participarem nas actividades, mas não temos jovens a frequentarem a colectividade.
Ainda não conseguimos que os jovens façam d'Os Plebeus o seu ponto de encontro.

Afirmei em 2015 que Os Plebeus Avintenses não são subsidio-dependentes... e hoje reafirmo-o aqui. Porque, com ou sem apoios, conseguem manter em funcionamento as suas actividades...
E, só como exemplo, digo-vos que no ano de 2016 foram feitos investimentos, em equipamentos e em obras, no valor aproximado de 15000,00€, tendo recebido de apoio de diversas entidades o valor de 3700,00€.
Mas isso não significa que não devam ser apoiados.

Os Plebeus Avintenses são uma instituição que tem um papel que nos atrevemos a considerar relevante, no panorama cultural do concelho. E entendemos que o trabalho que desenvolvemos justifica o apoio das instituições.

Entendemos que é necessário mudar o actual modo de funcionamento dos apoios autarquicos.
As associações devem apresentar à autarquia os seus planos de actividades e estas devem fazer a análise dos mesmos e apoiar as actividades que o justifiquem e devem, obviamente, fazer a fiscalização da realização desses actividades.
Tenho notado que existe uma propensão de alguns dirigentes associativos para andarem de mão estendida perante os poderes autarquicos...
E nós recusamos-nos a fazer isso...
Entendemos que a relação entre os diversos orgãos de poder do estado e as asociações deve ser uma relação de parceria.
E entendemos que deve ser uma parceria porque há uma relação de interesses comuns. O estado, porque lhe cabe desenvolver a cultura mas não dispõe de meios para o fazer e as associações, porque dispõe desses meios e são o principal agente cultural do país.
E numa parceria os parceiros, relacionalmente, têm que se situar no mesmo patamar. Porque uma parceria nunca pode funcionar com um dos parceiros numa situação diminuída.

A cultura não pode ser o o eterno parente pobre da actividade do estado.
A cultura é o que nos identifica como povo e como nação.
São as instituição culturais que guardam a nossa memória colectiva e se essa memória se perder, seremos meros números estatísticos, deixando de existir enquanto povo e enquanto nação.
O dinamização e a defesa do nosso património cultural é um dever do estado...
Mas a actividade cultural no nosso concelho e no país, é desenvolvida em 99% pelas associações sem fins lucrativos.
Por isso entendemos que o apoio às iniciativas culturais é uma obrigação do estado, nos seus diferentes patamares e não algo que temos que andar a pedir de mão estendida.
E quero dizer claramente que entendo que a actividade desenvolvida pelos Plebeus Avintenses em 2016 justificou bem mais do que os 1200,00€ que recebemos dos órgãos autárquicos.

Hoje mesmo iniciamos os “365” passos que nos conduzirão ao centenário.

O Centenário será o momento de se fazerem mudanças e mesmo alterar paradigmas.
Existem alguns assuntos pendentes que consideramos importantes concretizar.
- Começando pela legalização deste espaço como sala de espectáculos. É um anseio mas também uma exigência, para garantir a necessária conformidade com a legislação em vigor e permitir o uso pleno destas instalações.
- Ainda neste auditório pretendemos fazer a manutenção e renovação dos meios tecnicos, onde se inclui todo o sistema montado na teia do mesmo e a manutenção e reformulação do sistema de climatização.
- É também preciso criar condições para resolver o funcionamento do bar. Que terá que ser profissionalizado ou concessionado. E se a segunda hipótese nos parece a que melhor serve os interesses dos Plebeus, é também aquela que implica alterações mais significativas, com todas as despesas inerentes.

A celebração do centenário deverá ser feita respeitando o passado, com a consciência de que a história desta associação, como de muitas outras, é feita de momentos de grandeza mas também de momentos conturbados. Cientes de que a história contada inclui mitos, que o tempo vai transformando em aparentes verdades.

O centenário será o momento oportuno e adequado, para Os Plebeus Avintenses exorcizarem alguns fantasmas do passado e acertarem contas com a sua história e aqui, claramente, quero dizer que será o momento de prestarem a devida homenagem aos seus fundadores. E digo fundadores e não fundador, porque está na altura de acabar com os mitos e repor a verdade histórica.

Mas o centenário terá que ser mais do que um conjunto de eventos.
Terá que ser uma oportunidade para fazer a projecção da marca Plebeus a nível nacional.

E levantando um pouco o véu...
Nos eventos do Centenário teremos teatro...
Está prevista a produção de 4 espectaculos
Mas teremos muito mais que teatro...
Iremos fazer um périplo pelas actividades que aconteceram ao longo de cem anos...
Concertos musicais, cafés concerto, stand up comedi, dança, poesia, exposições, torneios inter-sócios, torneio de damas, raly paper, colóquios, fóruns, edição de um livro e outras coisas mais...!

Temos 99 anos… estamos a um passo de atingir um século…
Mas estamos vivos, activos e prontos a continuar, com eterna juventude, a caminhada rumo ao futuro…!

Para terminar quero agradecer a todos os elementos que que têm colaborado com a Direcção na gestão da associação, nomeadamente a todos os que integram os órgãos sociais, pela permanente colaboração com o órgão executivo e aos elementos da comissão de bar, que têm dado um inefável contributo para a sustentabilidade financeira da instituição e a todos os que participam nas valências da associação, particularizando nos que integram o grupo de teatro, que são a face visível do trabalho que realizamos e que tornam conhecido o nome dos Plebeus Avintenses em todo o país.
Vivam Os Plebeus Avintenses


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

20 de Outubro de 2017, às 21,00 horas, no Auditório d'Os Plebeus Avintenses, Conferência sobre Teatro, organizada e promovida pela Fundação Inatel, Participam: Rui Sérgio, do Teatro Experimental do Porto; Luis Oliveira, do Jangada Teatro de Lousada; Gonçalo Amorim, Director Artístico do FITEI.  A moderação estará a cargo de Francisco Madelino.

À conferência segue-se, pelas 22,00 horas, o espectáculo "Meu Pé de Laranja Lima" apresentado pela escola de teatro d'Os Plebeus Avintenses, com encenação de Daniela Gonçalves. Espectáculo integrado no Festival 6 Continentes - 2017.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017


A exemplo dos dois anos anteriores Os Plebeus Avintenses marcam presença no Festival 6 Continentes de 2017, com o espectaculo "O Meu Pé de Laranja Lima", a partir da obra homónima de José Mauro de Vasconcelos com encenação de Daniela Gonçalves.
No palco estarão os jovens que participaram na formação teatral realizada em Julho passado.

Esperamos por vós na sexta-feira, dia 20 de Outubro, pelas 21,45 horas no Auditório d'Os Plebeus Avintenses.